Major do Exercito
- Comissário da PSP e Comandante da Guarda Fiscal em Ponta Delgada
Na residência de seu filho, na Rua Dr. Guilherme Poças Falcão, nº. 75, em Ponta Delgada, faleceu o distinto oficial micaelense major Miguel de Almeida, em 18 de Novembro de 1954, completam-se, agora 39 anos.
Miguel de Almeida nasceu no dia 11 de Janeiro de 1871. Assentou praça, em 1888, no Regimento de Caçadores11.
Foi promovido a alferes em 1902, ofereceu-se para servir no Ultramar. Embarcou para Angola, a fim de tomar parte nas forças que se organizaram para as operações de pacificação do Norte de Benguela, cujo gentio se rebelara, após o suicídio de Silva Porto.
Tomou parte na Campanha do Bailundo e, depois, na Coluna do Peinha, onde desempenhou, com apreciado louvor, a direcção da Base de Estapes.
Tomou parte nos combates de Caiobe, Embala Grande, do Soque, passagem do Rio Congo, Embala Grande da Guibanda e da Galanga.
Foi nomeado comandante dos fortes militares Teixeira Sousa e do Sambo e desempenhou as funções de Chefe do Conselho do Bié, depois distrito do mesmo nome.
Promovido a Tenente em 1908, ascendeu a capitão em 1915 e, finalmente, a major em 1920, posto em que passou à situação de reserva, em 1931.
Prestou serviço nos batalhões de Caçadores 11, 10 e 7 e nos regimentos de infantaria 1, 11, 25 e 26.
Exerceu, com o maior critério, as funções de Comissário de Policia, no período difícil do após guerra de 1914-1918, sendo lembrada a sua acção enérgica, mas ponderada, como moralizou os costumes, abalados com a permanência de tropas estrangeiras em S. Miguel.
Foi Comandante da Companhia nº. 2 da Guarda Fiscal, aquartelada em Ponta Delgada. O major Miguel de Almeida foi condecorado com a medalha de prata Rainha D. Amélia, comemorativa das Campanhas de África; medalha da Cruz Vermelha Portuguesa; medalha de ouro de Comportamento Exemplar; comemorativa da guerra de 1914-18; das Campanhas do Exército Português e Comenda da Ordem Militar de Avis. Possuía, ainda, vários e honrosos louvores que ilustram a sua folha de serviço à Pátria.
Serviu, na efectividade, 43 anos, após os aumentos do Serviço de Campanha e no Ultramar.
O funeral, realizado para o cemitério de S. Joaquim, constitui sentida manifestação de pesar pelo falecimento do major Miguel de Almeida, sendo a uma conduzida num armão militar, coberto com a bandeira nacional e ladeado por uma escolta de Infantaria.
A espada e o quépi foram levados pelo capitão Henrique Frazão, e as condecorações pelo tenente Lacerda Nunes.
A chave da urna foi conduzida pelo tenente-coronel José Rebelo Cordeiro, Governador Militar dos Açores, interino, que a entregou ao Governador Civil do Distrito, Capitão Aniceto dos Santos, que aguardava à porta do cemitério, onde o préstito era esperado por uma deputação da Polícia de Segurança Pública de Ponta Delgada.
18 de Novembro de 1993
Por M. J. Andrade
Jornal Açoriano Oriental de 19NOV1993