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Por
António Manuel Silva de Oliveira
Director do Museu Carlos Machado
Em memória
de
Cláudio Ramos
No 30º. Dia do falecimento de CLÁUDIO MANUEL DE SOUSA RAMOS, que ocorreu em 11 de Agosto, cumpre-me recordar um grande amigo e colega, cuja ausência já se faz sentir.
Cláudio Ramos foi funcionário do Museu Carlos Machado, de 7 de Dezembro de 1972 a 30 de Julho de 1992, exercendo, com enorme competência e dedicação, as funções de Técnico de Museografia.
A sua paixão pelo Museu remonta aos anos em que o Convento de Santo André se encontrava em obras de adaptação, para nele se instalar as três secções de História Natural, Arte e Etnografia, ou seja, já nos finais da década de 1930, Cláudio Ramos acompanhava o crescimento da instituição, cuja colecção estavam divididas, anteriormente, por vários imóveis de Ponta Delgada. No antigo Convento dos Gracianos e, no Relvão, no Observatório Meteorológico Afonso de Chaves.
Visitante assíduo e bastante interessado, foi revelando, ao longo dos anos, tanta dedicação ao Museu, a ponto de a então Directora de Secção de Arte, Exmª. Senhora Dona Maria Luísa Athayde Costa Gomes, propor à Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada que o admitisse como seu funcionário, lugar que ocupou durante vinte anos, até à sua aposentação.
Todavia, o limite de idade não impediu de connosco permanecer por mais oito anos, respeitando na mesma o seu horário de trabalho e continuando a participar na vida activa do Museu. Deste modo, a reforma não foi causadora de um afastamento de sua “apaixonada” instituição.
Cláudio Ramos, o nosso “Guarda-Jóias”, como frequentemente o tratava, foi um grande amigo dos seus amigos, um grande colega dos seus colegas. Sempre preocupado com o bom funcionamento da instituição, nunca faltava ao serviço, mantendo diariamente a trajectória na malha urbanística da cidade, saindo de sua casa, na Rua do Passal, em direcção ao “seu” Museu, como orgulhosamente afirmava, para regressar ao fim do dia, ao aconchego familiar, depois de participar na Missa das 18H30 na Igreja Matriz de S. Sebastião, em sinal de reconhecimento a Deus por mais um dia de vida.
A família, o Museu, os Artistas, eram tudo para o “Senhor Cláudio”, como era tratado com todo o respeito e carinho pelos seus colegas.
Ao longo de tantos anos, convivemos com ele dia a dia, hora a hora, nesta caminhada comum, procurando todos, em conjunto, construir o futura do Museu, ouvindo-o com muita atenção, numa vontade, sempre crescente, de aprendermos, cada vez mais, sobre a história do património de uma instituição que já conta 120 anos de existência.
Cláudio Ramos, portador de uma invulgar sensibilidade artística, quis também contribuir para o enriquecimento das colecções do Museu, legando uma obra da escultora Luísa Constantina, neta do Fundador da Secção de Arte, Dr. Luís Bernardo Leite Athayde. Este legado será um valioso marco, que recordará um grande Amigo.
Publicamente e em nome dos funcionários de Museu Carlos Machado, desejo manifestar o profundo pesar a toda a Exmª. Família, pela perda de tão querido Pai e Avô, e afirmar, com muita tristeza, que já temos saudades do «Senhor Cláudio», de sua presença, dos seus concelhos, das suas enormes gargalhadas, que enchiam de alegria o claustro deste antigo Convento de Santo André.