TOLEDO PISA
<p>0 Capitao-mór João de Toledo Pisa e Castelhanos é figura respeitavel da historia campanhense. Tronco soberbo de uma geração que abrange a maioria das familias que aqui residem, seu nome é acatado pelas gerações que se sucedem.
<p>Era filho de João de Toledo e Castelhanos e de Maria de Lara e Almeida (99) e foi casado com Maria Pedroso. Foram pais de 11 filhos:
<p>1 - Ana Ferreira de Toledo, casada com o guarda-mór Salvador Correa Bocarro.
<p>2 - Maria de Lara Toledo, casada em Carrancas a 5-3-1737 com Manuel Cavalheiro Lumbria, natural de S. Paulo, e filho de Martinho Garcia Lumbria e de Ana Pires da Silva (100).
<p>3 - Branca Ferreira de Toledo, natural de Taubaté e casa¬da com Francisco Xavier da Silva, português. Eram moradores na Rocinha, no Rio Grande e Carrancas.
<p>4 - Angela de Toledo Pisa, casada em Carrancas a 7-10-1748 com José da Costa Morais, português. Moravam em Alagôa de Aiuruoca.
<p>5 - Joana Pedrosa de Toledo, natural de Taubaté e casada com Miguel Pires Barreto (irmão de Salvador Correa Bocarro). Moravam em Ipiragua (!).
<p>6 - Teresa Joaquina de Toledo, casada em Carrancas a 23-10-1741 corn Manuel Correa Arnaut (101), natural de Lisboa e filho de Lucas Correa Arnaut e de Maria Josefa Soto-Maior. Moravam em Aiuruoca.
<p>7 - Maria Fenix de Toledo, casada com Manuel de Campos e liveira, </p>
<p>ilho (,) do Ten. Pedro Vas de Campos e de Escolastica de Oliveira.</p>
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<p>8 - Francisco de Pisa, morador em Itu.</p>
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<p>9 - Antonio de Toledo Pisa, falecido solteiro.</p>
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<p>10 - João de Pisa e Castelhanos, morador</p>
<p>na Bahia.</p>
<p>11 - Inacio de Toledo Pisa, falecido solteiro na Campanha.</p>
<p>As sete filhas do Toledo Pisa, quando da posse do Arraial do Campanha, em 1743, polo guarda-mor paulista, "unindo-se as outras mulheres, foram todas ter com Barto¬lomeu Bueno, obtendo dêle, antes de qualquer outra provi¬dência ou contra-ordem do seu Governador, a desistência da luta e o abandono da praga, onde penetrara sem encontrar resistencia" (102). "Eram cerca de duzentos, entrando de surpresa, ninguem pode resistir-Ihes. Houve mesmo regozijo por parte de alguns paulistas, contentes pela presença de parentes e amigos, que haviam retirado outrora e agora vol¬tavam com Bartolomeu Bueno. Em surdina, os emboabas protestaram e diziam que as coisas não ficariam assim... vinha de São João del-Rei outro numeroso bando, também armado, com ordens determinadas de expulsar os paulistas. Já estavam aproximando e seu número excedia ao dos inva¬sores que, de posse do arraial, preparavam sua defesa, com trincheiras e emboscadas, dispostos a combater... Foi então que entraram em cena as Sete Irmãs da Campanha, cinco das quais, como vimos, eram esposas de emboabas e na luta fratricida não sabiam que partido tomar, preferindo a paz.
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<p>Juntaram-se outras mulheres, pois todos elas detestam a guer¬ra e seus horrores. Formou-se uma comissão de mães, com fithos ao colo, e de donzelas formosas, todos tristes, lacri¬mosas, e foram ter com os paulistas, seus amigos, seus irmãos, falando a Bartolomeu Correa Bueno e insistindo pela sua reti¬rada, conseguindo afinal deferimento ao pedido. Não foi sem grande pesar que êste chefe abandonou tão florescente ar¬raial,tão ricas minas de ouro" (103). É piedosa lenda.
<p>0 Capitão-mor residiu em Carrancas e Rio Grande, desde 1715 (104). Tinha sido minerador em Alagoa de Aiuruoca, dali se transferindo para a região que se povoava rapidamente. Certo dia, prevendo a morte - assim comenta Pedro Taques pôs em ordem os papeis, despediu-se e veio procurar na Campanha a filha mais velha, de nome Ana. Em caminho convidou o Padre Bento Ferreira Vila Nova, seu amigo, para que o acompanhasse até Campanha e lhe fôsse confessor na derradeira hora. Recebido com agrado pela filha, apenas viveu poucos dias, suficientes para fazer seu longo testamento. Preparou-se devidamente para a morte e "abraçado com o santo crucifixo, acabou a vida pelas cinco horas da tarde, com grande consolação de todo o concurso que lhe assistia" (105).
<p>Reza seu registro de óbito: "Aos trinta do mês de dezembro de mil, setecentos e quarcnta e oito faleceu da vida presente o Capitao-mor João de Toledo Pisa e Castelha¬nos e morreu com todos os sacramentos, e foi sepultado no adro desta Matriz de Santo Antônio de Val de Piedade desta Campanha do Rio Verde por assim determiner no seu tes¬tamento que é o que segue, do que fizeste que assinei. 0 paroco - Antonio Garcia da Rosa" (106). No testamento lê-se a disposigao: "meu corpo será enterrado e levado em rêde ao pé da cruz que está no adro da Igreja sera a menor pompa, e no habito de men padre S. Francisco, de que sou terceiro".