Capitão-Mór da Vila da Praia da Graciosa em 1623
Pois narra-se que por esta altura a ilha foi invadida por corsários Argelinos, tendo sido os habitantes comandados por este e pelo Capitão-Mór Manoel de Quadros Machado da Vila de Santa Cruz.
ILHA GRACIOSA (AÇÔRES) DESCRIÇÃO HISTÓRICA E TOPOGRAFICA
Angra do Heroísmo
IMPRENSSA DA JUNTA GERAL 1883 POR
António Borges do Canto Moniz Chefe de secção Da fiscalização Externa do corpo nº. 4
A segunda invasão que a Graciosa sofreu, e que a tradição ainda hoje refere com algumas variantes, sucedeu em 1623 no lugar denominado a Vitoria. Desembarcando um dia naquela costa uma porção de mouros com o intento de roubar os habitantes do lugar, foram por estes derrotados e postos em fuga. Os graciosense opuseram-lhe grande resistência, desenvolvendo muito valor e energia, tendo à sua frente os patrióticos cidadãos Manuel de Quadros Machado e Gaspar Velho de Azevedo, capitães-mores da ilha, vultos respeitáveis que a historia recordará sempre com merecido louvor.
Sendo o capitão maior desta vila de Santa Cruz, Manuel de Quadros Machado, e capitão maior da vila da Praia, Gaspar Velho d'Azevedo, em 19 de Maio de 1623, chegaram a esta ilha, oito fragatas de Argel, e ancoraram onde chamam Afonso do Porto, e está uma ermida de Nossa Senhora da Vitoria, donde cometendo duas vezes com barcos e um patacho para botarem gente em um cais feito pela natureza, os moradores da ilha com tanto valor lhe resistiram, que não puderam entrar, sem morrer pessoa alguma, nem ainda ficar ferida. Vinha nestes navios um capitão, natural desta mesma ilha, o qual sendo resgatado em Argel pela redenção geral, veio para Lisboa onde com as esmolas que tirou, mandou fazer uma imagem de Nossa Senhora da Vitoria, que hoje está na ermida que fez o povo; nela viveu ermitão, e morreu como ermitão. (Papeis do Dr. João Teixeira Soares, extracto da crónica Mont’Alverne, segundo parece. Arquivo dos Açores, vol. 20º)